Medicalização da vida na Contemporaneidade: A Cultura da Solução Imediata
DOI:
https://doi.org/10.70430/rev.cedigma.2025.v2.2.73Palavras-chave:
Automedicação; Influência midiática; Saúde Pública.Resumo
A trajetória do uso de medicamentos acompanha a própria história da humanidade, sendo empregada como recurso para promoção da saúde. Contudo, ao longo do tempo, esse uso também passou a ocorrer de forma inadequada, motivado por diferentes fatores, como a dificuldade de acesso a profissionais de saúde que possam oferecer orientações adequadas, a desinformação sobre os efeitos das substâncias e a limitação no acesso a tratamentos apropriados. O presente trabalho busca compreender as razões que levam ao uso incorreto de medicamentos, refletir sobre as consequências sociais desse fenômeno e descrever suas principais formas de ocorrência. Nesse contexto, observa-se que a influência da indústria farmacêutica, os interesses econômicos e a padronização de práticas assistenciais contribuem para a apresentação da medicação como solução imediata, em muitos casos única, para questões que poderiam ser conduzidas de forma mais ampla e integrada. Assim, a medicalização tem sido utilizada como atalho para resultados rápidos, deixando em segundo plano os riscos e consequências desse consumo, ao mesmo tempo em que a facilidade de acesso favorece o uso indiscriminado. No cenário brasileiro, algumas ações têm se mostrado eficazes na diminuição do consumo abusivo, demonstrando que a transformação desse quadro é possível por meio de estratégias planejadas e integradas. Diante disso, ressalta-se a relevância de programas educativos e de iniciativas de conscientização que promovam o uso responsável de medicamentos na sociedade.
Downloads
Referências
ALMEIDA, L.; ROCHA, R. Redes sociais e automedicação: riscos e desafios para a saúde pública. Revista Brasileira de Saúde Coletiva, v. 25, n. 3, p. 112-125, 2020.
ANVISA. Nota técnica: Retomada da transmissão obrigatória ao SNGPC. Brasília, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/sngpc. Acesso em: 13 ago. 2025.
BELO HORIZONTE (MG). Secretaria Municipal de Saúde. Diretrizes para o cuidado farmacêutico na Atenção Primária à Saúde. Belo Horizonte, 2018. Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br. Acesso em: 13 ago. 2025.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O que devemos saber sobre medicamentos. Brasília, DF: ANVISA, 2010. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/fiscalizacao-e-monitoramento/medicamentos/cartilha-o-que-devemos-saber-sobre-medicamentos.pdf. Acesso em: 8 ago. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Formulação de Políticas de Saúde. Política nacional de medicamentos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios, n. 25). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_medicamentos.pdf. Acesso em: 10 ago. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Uso racional de medicamentos. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/daf/uso-racional-de-medicamentos. Acesso em: 9 ago. 2025.
CRM-PR – Conselho Regional de Medicina do Paraná. Receita eletrônica: regras e orientações. Curitiba, 2020. Disponível em: https://www.crmpr.org.br. Acesso em: 13 ago. 2025.
DA SILVA, J. B. F. et al. O imediatismo frente ao sofrimento psíquico. Amazônia: Science & Health, v. 7, n. 4, p. 56-69, 2019.
DE SOUZA MARTINS, L. et al. Os riscos da automedicação com medicamentos isentos de prescrição: um problema de saúde pública. Revista Foco, v. 18, n. 6, p. e8587-e8587, 2025.
FIGUEIRAS, A. et al. Influência da formação médica, informação farmacêutica e incentivos financeiros na prescrição de novos medicamentos. Cadernos de Saúde Pública, v. 16, n. 1, p. 31-38, 2000.
FREITAS, G. P.; PEREIRA, R. A. Automedicação: relato de experiência com sequência didática para o ensino médio. Revista de Educação em Ciências e Matemática, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, p. 45-59, 2020.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict). Rio de Janeiro: Fiocruz, [s.d.]. Disponível em: https://www.icict.fiocruz.br/. Acesso em: 20 ago. 2025.
GONÇALVES, M. A. et al. Impacto do acompanhamento farmacoterapêutico na prescrição de ansiolíticos em idosos. Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde, v. 10, n. 2, p. 45-57, 2021.
MELO, J. R. R.; DUARTE, E. C.; MORAES, M. V. de; FLECK, K.; ARRAIS, P. S. D. Automedicação e uso indiscriminado de medicamentos durante a pandemia da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 37, n. 4, e00053221, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/tTzxtM86YwzCwBGnVBHKmrQ. Acesso em: 10 ago. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim sobre automedicação e uso racional de medicamentos. Brasília: MS, 2023.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Uso racional de medicamentos: estratégias e desafios. Brasília: MS, 2022.
PAULA, C. C. da S. et al. Uso irracional de medicamentos: uma perspectiva cultural. In: Anais do IX CONINTER (Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades), 2021, Campos dos Goytacazes. Anais do IX CONINTER. Campos dos Goytacazes: UENF, 2021. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/coninter2020/298280-uso-irracional-de-medicamentos--uma-perspectiva-cultural. Acesso em: 10 ago. 2025.
RODRIGUES, W. L.; DA SILVA, T. M. B. O uso indiscriminado do Ozempic® para fins estéticos: uma revisão de literatura. Cognitionis Scientific Journal, v. 7, n. 2, p. e509-e509, 2024.
SANTOS, L.; FARIA, C. A influência da indústria farmacêutica na prescrição médica: revisão integrativa. Revista Bioética, v. 27, n. 3, p. 465-476, 2019.
SANTOS, W. M. de S.; BAIENSE, A. S. R. Uso incorreto de antibióticos. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 6, p. 3272–3287, 19 jun. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.51891/rease.v10i6.14662. Acesso em: 10 ago. 2025.
SILVA, F. et al. Automedicação e uso de medicamentos psicotrópicos entre jovens. Revista de Saúde Pública, v. 54, n. 28, p. 1-10, 2020.
SILVA, I. dos A.; ALVIM, H. G. de O. A história dos medicamentos e o uso das fórmulas: a conscientização do uso adequado. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, ano III, v. 3, n. 7, p. 475-486, jul./dez. 2020. ISSN 2595-1661
SILVA, M. S. et al. Projeto educativo sobre automedicação em escola pública de São Sebastião-AL. Revista Saúde & Educação, Maceió, v. 8, n. 2, p. 122-131, 2022.
SILVA, M. V. A. da; JERÓNIMO, J. L. G. B.; FERNANDES, D. I. A.; GALVÃO, J. G. F. M.; LIMA, I. C. de S. Automedicação e o uso indiscriminado de psicotrópicos. Revista Eletrônica Científica da Multivix, Vitória, v. 11, n. 1, p. 1351-1368, 2023. DOI: 10.35621/23587490.v11.n1.p1351-1368. Disponível em: https://doi.org/10.35621/23587490.v11.n1.p1351-1368. Acesso em: 10 ago. 2025.
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Cuidado farmacêutico na atenção primária em Belo Horizonte: relato de implementação. Belo Horizonte, 2021. Disponível em: https://www.ufmg.br. Acesso em: 13 ago. 2025.
UNIVERSIDADE ABERTA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. UNA-SUS. Brasília, [s.d.]. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/. Acesso em: 20 ago. 2025.
VENTOLA, C. L. Crise da resistência bacteriana: causas e consequências. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 51, n. 2, p. 233–240, 2015.
VIEIRA, F. S.; ZUCCHI, P. Uso racional de medicamentos: conceitos, problemas e estratégias para a intervenção. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, n. 7, p. 3169–3175, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Laura Isabelle Teixeira Lima, Júlia Silveira da Silva, Victoria Luna de Oliveira, Alyssa Magalhães Prado (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado , fornecer um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas . Você pode fazer isso de qualquer maneira razoável, mas não de nenhuma forma que sugira que o licenciante endossa você ou seu uso.
- Compartilhamento pela mesma licença — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, deverá distribuir suas contribuições sob a mesma licença do original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos legais ou medidas tecnológicas que restrinjam legalmente outros de fazer qualquer coisa que a licença permita.